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O Que foi e é a Rota da Seda


A “Rota da Seda” foi um sistema de rotas comerciais interligadas que conectou o continente asiático ao continente europeu, esteve em funcionamento aproximadamente desde o século VI a. C., e que está sendo retomada nos dias de hoje.

Como o próprio nome já diz, a Rota da Seda foi pensada exatamente para que a seda, que era fabricada exclusivamente na China, pudesse chegar ao comércio europeu. Ainda que não fosse o único produto a ser comercializado, a seda logo se tornou um dos produtos mais importantes, uma vez que era desejada por homens e mulheres como artigo de luxo.

Seu valor e demandas também eram acrescidos por ser a seda um tecido raro, cuja fabricação apenas os chineses conheciam, ou seja, era conhecimento chinês a sua manufatura a partir do material fibroso com o qual são feitos os casulos dos bichos-da-seda.

Estes caminhos interligados e criados pelos povos para fins comerciais só ficaram conhecidos como “Rota da Seda” quando Ferdinand von Richthofen, um geógrafo alemão, assim os nomeou no século XIX, inserindo seu principal e mais importante artigo no nome.


Qual a importância dessa rota para o comércio na Antiguidade?


A rota da seda foi importante não apenas para as trocas comerciais entre os continentes, mas também para as trocas culturais. 

As trocas comerciais entre os povos sempre existiram, e as culturais são inevitáveis quando um ou mais grupos sociais entram em contato. Os sistemas de troca dos mercados, as rotas comerciais, entre elas a Rota da Seda sempre agiram como facilitadores desses intercâmbios. 

Em pesquisas arqueológicas feitas no Egito foram encontrados artefatos que foram trazidos de outras civilizações ainda no 4º milênio a.C, o que comprova que trocas comerciais são um costume antigo que permitiu o próprio desenvolvimento dos povos, ou seja, é a partir do conhecimento do outro que o indivíduo pensa a si próprio e as suas práticas em um contexto mais amplo. Sendo assim, costumes, culturas, práticas de alimentação e vestuário foram intercambiadas durante as viagens comerciais. 

As viagens entre continentes começaram a ser possíveis a partir do momento em que as técnicas de navegação foram aperfeiçoadas, e também quando se iniciou a domesticação de animais para carregarem cargas, como os burros, os camelos e os cavalos. Desta forma, as primeiras rotas de trocas foram feitas, uma vez que os próprios animais tinham que ser importados e depois domesticados. 

Através da Rota da Seda, o oriente pôde ter contato pela primeira vez com culturas como a greco-romana, e por sua vez, o ocidente foi apresentado às religiões orientais como o budismo e o islamismo. 

Outro fenômeno sociocultural interessante foi o enriquecimento de pequenas tribos ao longo da rota, que por sua vez deram origem a cidades. Estas cidades acabaram por se tornar alvo de grupos de saqueadores que se achegavam atraídos pelas riquezas. 

Todas estas mobilizações sociais permitiram o crescimento de pequenos povoados que acabaram por se tornar importantes centros de influência no mundo antigo, tendo algumas delas sobrevivido para ver o mundo moderno. 


Marco Polo e a Rota da Seda


Marco Polo foi um famoso explorador, mercador e comerciante nascido em meados do século XIII d. C. em Veneza. As narrativas acerca de suas viagens e aventuras no oriente inspiraram muitos outros a seguirem seus passos na tarefa de descobrir as terras inexploradas do globo terrestre.

Sua passagem pela Rota da Seda ficou registrada em seus famosos relatos de viagem que ficaram conhecidos por “As viagens de Marco Polo”. Neles, o explorador veneziano se ocupa em descrever as paisagens, os povos que encontrava ao longo do caminho, seus costumes e modos de vida. Desta forma, o ocidente pôde conhecer melhor aqueles povos sobre os quais só se ouviam relatos envoltos em mistérios e misticismo.


Quais povos habitavam os caminhos da Rota da Seda


A Rota da Seda era dominada essencialmente por três povos: os chineses, os armênios e os magiares, um grupo étnico que se baseava na região dos Cárpatos, na Europa oriental.

Fora estes três grupos maiores, havia também os grupos itinerantes, pastores campesinos, mercenários e assaltantes que sobreviviam do saque, e pequenos povoados que muito se beneficiariam do intenso tráfego comercial.

Ao longo das décadas e séculos, estes caminhos comerciais foram sofrendo mudanças tanto em sua geografia - ou seja, a ação humana na construção de estradas que pudessem ser frequentemente utilizadas, quanto em sua demografia, sendo esta a mudança e adaptação dos povos que trocavam influências através do contato comercial.


Lista de cidades da Roda da Seda


No mundo antigo, a Rota da Seda passava por cidades que eram importantes centros comerciais e culturais como as antigas Antioquia (atual Antáquia, na Turquia), e Constantinopla, a famosa cidade da Grécia Antiga dominada pelo Império Otomano em 1453 d.C, e atual Istambul, a maior cidade da Turquia.

A Rota da Seda passava também pelo que hoje são os países da Turquia, Síria, Cazaquistão, Uzbequistão, Iraque e Afeganistão, compreendendo também e principalmente, a China, a Grécia e a Índia.


O Século XXI e a nova Rota da Seda


Em maio de 2017, o atual presidente da China, Xi Jinping, propôs em uma reunião em que estiveram presentes líderes de mais de 30 países, a reabertura da Rota da Seda.

Ainda que se utilize do antigo nome, esta nova rota é um projeto muito mais ambicioso que prevê um gasto de 1 a 3 trilhões de dólares, ou seja, a economia conjunta de 40% da população mundial, e que conecte o mundo em um dos mais ambiciosos planos que preveem a globalização. Assim como a primeira, esta rota colocaria a China como uma potência econômica dominante.

É importante pontuar que esta Rota da Seda é mais simbólica que física, uma vez que os “caminhos” a serem conectados neste mundo globalizado, passam mais pelas redes virtuais que, de fato, por aqueles que permitem a mobilidade física. Sendo assim, a China mais uma vez surge como precursora na conectividade econômica, cultural e social entre ocidente e oriente.